Infância Feliz

Eu posso dizer de boca cheia que a minha infância foi a melhor do mundo. Quando paro pra relembrar os momentos marcantes que tive, consigo dar gargalhadas sozinha...
Acreditem se quiser, mas meu sonho de infânci era morar em Capanema, a pequena e maravilhosa cidade que morava minha vó e meus tios.
Pequeníssima... entao imaginem que eu minhas "pimas" bebel e minhoca ou Márcia Cristina e Isabela Fernanda ou mesmo Má e Bela éramos obrigadas a inventar coisas pra passar aquelas férias animadas. Estas histórias são conhecidas, e eu garanto que são verdade... estamos todas vivas pra contar.
Primeiro que dormíamos todas juntas, mesmo num simples colchão de solteiro... não, não é que a gente não tinha onde dormir... era porque eu tinha medo que as duas ficassem "coxixando" mal de mim... então era tudo junto mesmo, pra ninguém falar mal de ninguém... Mas também era por pouco tempo, pq dormíamos mto tarde e acrdávamos mto cedo... adivinha pra que???? Pasmem (existe esta palavra???) mas nós tínhamos que ligar a rádio local pra ver quem tinha morrido no dia e os locais dos velórios. E lá íamos nós, "chorar os mortos" como se fossemos da família. Nós ficávamos em volta o caixão, olhando, colocando a mão no morto, rezando... e rezando muito também pra nenhum pai descobrir o que agente tava fazendo.
Um belo dia recordo bem, estávamos no velório do Otto Graund, um senhor que nós não conhecíamos e então de repente avisaram que o ônibus da prefeitura estava esperando para quem quisesse ir até o enterro... ningupem tem dúvidas que nós fomos as primeiras à entrar no ônibus, sentamos nos primeiros bancos e estávamos mal pela perda do defunto desconhecido...
Meeeeeu Deeeeuuuuuus!!! -O Tio Nelson... misericórdia... como ele nos achou? quem foi o cagueta desta vez? (pq td eles descobriam)
- Já pra fora deste ônibus, as três.
- Não, por favor, nós precisamos ir no enterro, por favor
- De jeito nenhum olha a vergonha, nós nem somos íntimos do presunto
- Choro, choro, choro
- Tá bem, eu levo vcs no enterro, de carro, desçam do ônibus agora
- (ai que ódio), (ai que ódio), (ai que ódio)
- Tá bem, então vc leva a gente (melhor ir ouvindo esporro no caminho, do que não ir)
E assim participamos do funeral "completo", com direito a rosas na hora da descida do caixão e cortejo fúnebre pra sair do cemitério junto com a família do Sr. Otto.
Este foi um dos velórios mais marcantes, mas todos tem uma história ou outra.
Certo dia, fomos a nossa visita matinal ao cemitério... quando chegamos nos túmulo do nosso tio... que tristeza, nenhuma florzinha, sujinho...
- Então vamos lá...
- Vamos pegar as florês e arranjos mais lindos dos outros túmulos e deixar a casinha do Tio Carlinhos linda...
E assim foi, pegamos tudo e mais um pouco. Ficou praticamente um túmulo de celebridade, muuuuita flor!
No outro dia, quando fomos ver a Vó Polda, nossa querida e amada vó, até doeu o coração quando ela falou emocionada:
- Nossa, que alegria, fui no túmulo do Carlinho e tava a coisa mais linda, cheio de florês e arranjos... que bom que as pessoas lembraram dele.
- Ai vó que bom né (risos por dentro)
Lá vem a voz de algum cagueta(se eu não me engano foi a Darling querida rsrsr): - Isso foi coisa da Thais e da Márcia, tenho certeza...
Thais e Márcia pensam: (a Bela sempre se safa, ela que dá as idéias, até enfiou a cabeça dentro da tumba aberta e sai de santa, que ridículo)
Nossa idéias eram sempre geniais, tipo, nunca nenhuma crianças faz isso, yes, vamos fazer!!!
- Tia Nelsi, vc pode dar uns pedações de cuca pra gente comer???
- Beleza vamos pra cadeia... os presos vão adorar...
E cadeia de interior não tem frescura, ainda mais que nosso tio Dorja trabalhava lá. Chegamos com as cucas e com nossa alegria de viver kkkkk
- A gente gostaria de visitar os presos, pode?
- Visitar não, mas vcs podem conversar com eles pela janelinha da cela
- (iupi!!!) pode ser então
- venham comigo
- pessoal, temos visita
E só ganhava cuca quem contava o que tinha feito de crime.
- oi, td bem?
- td bem.
-pq vc está preso aqui?
- ah pq matei a minha mãe
- Nossa, matou a mãe? Tá vc merece um pedaço de cuca, pega aqui...
E assim eram nossas visitas na cadeia.
Fora isso, a gente ia na igreja católica "beijar o copro de cristo", isso nós não podíamos fazer pq somos filhas de Lutero... mas é claro que fizemos e alguém caguetou e pro tio Luiz ainda, o Lutero mor da família. Lá vem sermão...
Roubávamos os moranguinhos da Dona Alma, roubamos o dinheiro da passagem do tio Bruno pra ir no "agitus som", nooooossaaaa... quase deram parte na polícia, sorte que a Bela, exemplo da família, contou que fomos nós. Ela só esqueceu de contar que a idéia foi dela, né Beeeela???!!!
O namorado espanhol da Paty... que comédia. O cara ia na casa dela pra namorar e nós queríamos que ele traduzisse as coisas pra nós.
Na época passava um programa chamado Você Decide, então a gente queria falar em espanhol a frase chave do programa.
Vc liga. Vc vota. Vc escolhe o final.
versão espanhol: Bo de mas, bo discas, bo de la ris. hashuahashuahasuha foi isso que a gente entendeu e foi isso que agente falou uns cinco dias sem parar.
São tantas histórias que não dá pra escrever, mas o que eu quero que saibam é que eu tenho as melhores primas do mundo, os tios mais compreensivos do planeta e os pais mais pacientes do universo, pq eu não não sei se aguentaria sem dar uma surra por semana se meus filhos aprontassem tanto.
Amo vcs, bebel minha pima e minhoca minha pima.
seguem fotos da familia.
bjs